Atento ao mundo que o rodeia e o inspira, artista plástico é o primeiro a usar um código que permite aos daltónicos identificarem as cores das suas obras

São mais de três décadas de uma carreira pautada pela capacidade de Ruy Silva em observar e interpretar pessoas, espaços e situações. Eterno insatisfeito, o artista plástico não se cansa de procurar a perfeição e é nessa busca que assume também algumas preocupações sociais. A minha missão é transmitir afectos e abraçar corações”, sublinha, justificando a sua arte inclusiva.

Para que a maioria aprecie plenamente a sua obra, Ruy inovou ao inserir o ColorAdd nas pinturas que assina. Trata-se de um código gráfico monocromático, sustentado em conceitos universais de interpretação e desdobramento de cores, criado pelo designer Miguel Neiva, que permite aos daltónicos identificá-las correctamente.

Nascido em 1974, Ruy Silva tinha 15 anos quando organizou a primeira exposição na cidade de onde é natural, Viseu. Era, na altura, um autodidacta com vontade de conquistar um lugar no meio artístico. Estudou para mais saber, tornando-se referência na arte figurativa. A vida é a sua principal inspiração e a relação com a arte “é um compromisso para a vida”, arriscando sempre em inusitadas interpretações. Com ela, Ruy Silva cresceu e provoca emoções, transmitindo e apelando a valores por vezes esquecidos. A técnica reconstrução rompeu com o passado, começando a reconstruir os sentimentos”, numa óptica tridimensional. Em vez de pintar uma tela lisa, rasguei-a como se fosse a vida. A vida é composta por vários momentos, então cruzei as várias tiras da tela como se fossem um painel da vida”, explica.

A criatividade de Ruy Silva não tem limites e abrange ainda parcerias com marcas de renome, como a Montblanc. Uma parceria que passou por criar algumas obras, em três momentos, ao longo de três anos, a propósito do lançamento da colecção Meisterstück: Le Petit Prince & The Aviator” da marca alemã, que estiveram expostas nos eventos e na montra da Boutique Montblanc.

Pigmento laranja” é o título da autobiografia de Ruy Silva, remetendo para a mancha aleatória com que assinava” as obras, antes de o borrão de tinta se encaixar em quadrados e rectângulos ou transformar-se em círculos e circunferência associadas ao sol. Uma alusão ao amanhecer e entardecer” que o pintor tanto aprecia. Mais tarde, surgiram as laranjas numa atitude surreal”, revolucionando a composição das obras e o próprio percurso do criador. Entre a fase de transição, os quadros A Dois Passos de Ti”,  Nu(o) Jardim do Éden” e “Árvore da Vida” integraram a cenografia da novela da TV Globo O Outro do Paraíso”, transmitida em Portugal pela SIC.

Sem fronteiras, as obras têm uma presença regular em Paris e, nos últimos anos, expuseram-se em Roma, Tóquio, Bruxelas, Genebra, Nova Iorque  e Singapura. Mas, o relógio não pára e Ruy Silva prepara já uma nova colecção, Assalto ao Vaticano”, para apresentar no primeiro trimestre de 2021. Inspirei-me nas esculturas contemporâneas do Museu do Vaticano. Mas toda a concepção é moderna, apesar de ser notório o legado clássico”, revela, pronto a dar novas formas às mais diversas expressões.

 

ruysilva.pt

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